Um dos maiores símbolos da resistência democrática do Brasil, o arcebispo emérito de São Paulo, cardeal Dom Paulo Evaristo Arns faleceu, aos 95 anos, nesta quarta-feira (14), às 11h45.
Ele estava internado desde 28 de novembro por causa de uma broncopneumonia. O velório de Dom Paulo será na Catedral da Sé, no centro de São Paulo, e deve durar 48 horas. Ele deve ser sepultado na cripta da catedral.
Este ano também marcou os 50 anos da ordenação de Dom Paulo como bispo e houve muita comemoração. Ao comunicar o falecimento o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer disse que o cardeal “entregou sua vida a Deus, depois de tê-la dedicado generosamente aos irmãos neste mundo”.
Grande incentivador das comunidades eclesiais de base, criou a Pastoral da Infância e buscou aproximar a igreja católica dos mais pobres, defendendo a justiça social e o combate à miséria. Abnegado, enfrentou os militares e protegeu os presos políticos, sendo considerado o “inimigo público número 1 da ditadura”.
Odiado pelos opressores, foi muito amado por uma ampla gama de pessoas que lutava pela liberdade, num país tragado pelo autoritarismo. Admirado tanto por religiosos fervorosos quanto por extremistas de esquerda devido ao seu temperamento dócil e sua firme posição na defesa dos oprimidos.
Dom Paulo Evaristo Arns representa uma das facetas mais importantes da história brasileira. Foi o principal incentivador do livro Brasil: Nunca Mais, em 1985, denunciando as atrocidades dos porões da ditadura. Também foi um dos principais artífices da luta pela restauração da democracia no país (leia mais aqui).
Para saber um pouco mais dessa linda história assista o documentário “Coragem – As muitas vidas de Dom Paulo Evaristo Arns”, dirigido por Ricardo de Carvalho, com base em suas duas biografias sobre Dom Arns, pronto para estrear. São elesos livros: “O Cardeal e o Repórter” e “O Cardeal da Resistência”.
Nestes tempos sombrios de golpe midiático-jurídico-parlamentar, nos quais o Estado Democrático de Direito e a Constituição são violados todos os dias, o exemplo do homem Evaristo Arns pode trazer luz para quem crê na Justiça e na liberdade.
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