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PM ATIRA BOMBAS E ACABA COM ATO PACÍFICO EM DIA DE GREVE VITORIOSA

Antes de mais nada, o dia 28 de abril de 2017 foi uma grande vitória para a classe trabalhadora. Na maior manifestação do povo brasileiro desde a década de 1980, milhões de brasileiros cruzaram os braços e disseram um sonoro não às reformas do governo golpista de Michel Temer. Desde cedo, inúmeros foram os postos de trabalho fechados, transportes parados e estradas bloqueadas. Na capital e no interior, trabalhadores e trabalhadoras se uniram em luta contra as reformas da previdência e trabalhista.
Em Resende, desde cedo os servidores públicos pararam as atividades e fizeram passeata pelas ruas da cidade. Jovens e trabalhadores fecharam garagens e paralisaram os transportes em Niterói. A cidade serrana teve um ato no fim da tarde. Em Cachoeira de Macacu, trabalhadores fizeram um ato na rodoviária, causando paralisação nos transportes.
Na cidade de Macaé os servidores públicos e guardas municipais paralisaram atividades e fizeram ato em frente à Prefeitura. Campos também teve ato de trabalhadores que pararam suas atividades. A CSN, em Volta Redonda, também foi paralisada pelos trabalhadores que diziam não aos retrocessos de Michel Temer. Trabalhadores de Angras dos Reis realizaram manifestações pelas ruas da cidade e pararam o transporte público local.
Ainda de madrugada tiveram início as manifestações no Grande Rio. Os Metalúrgicos do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro fecharam a Rio-Santos na altura da NUCLEP. O Aeroporto Santos Dummont teve 10 vôos cancelados por uma manifestação. Um ato dos Portuários fechou o trânsito em frente à Rodoviária e foi duramente reprimido pela Polícia Militar.
Repressão também foi o mote em Niterói. Ao mesmo tempo em que trabalhadores fechavam a ponte Rio-Niterói, a estação Araribóia das barcas ficaram fechadas por mais de 4 horas, só sendo abertas após tiros e bombas disparados pelo batalhão de choque contra o ato pacífico e legítimo.
“Aqui nas barcas, o DCE da UFF, o SINTUFF, a ADUFF, o Sindicato dos Bancários, o Sindicato dos Aquaviários, o Sindicato dos Terceirizados, o SEPE, e o Sindicato dos Metalúrgicos, começaram o piquete às 5h30, dialogando com trabalhadores e a população. Muita gente aderindo, sem nenhum confronto até que às 11h o batalhão de choque atacou, sem nenhuma justificativa, a manifestação e expulsou a gente de lá. A tropa da PM que estava antes do choque chegar contribuiu muito sem dispersar o ato e garantindo a segurança dos manifestantes, alguns inclusive declarando apoio à Greve Geral”. – afirmou Felipe Garcez da União da Juventude Socialista (UJS)
Professores da rede pública e privada fizeram uma grande aula no Largo do Machado e seguiram em passeata até o Palácio Guanabara. Os bancários fecharam as agências do centro e adjacências. Os Comerciários fizeram um verdadeiro arrastão pelo centro da cidade. Junto com a Deputada Federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e liderados pelo Presidente do Sindicato, Marcio Ayer, dirigentes do sindicato atravessaram as ruas do centro fechando lojas e mobilizando trabalhadores para o ato na Cinelândia.
“Hoje foi muito vitorioso para o movimento sindical, para a classe trabalhadora e para o povo brasileiro. Deu uma expressão de forca, unidade e mobilização. A greve cumpriu o objetivo. A gente, hoje, fez um arrastão aqui no centro da cidade. Já estávamos mobilizando durante a semana para os trabalhadores aderirem ao movimento de greve e às mobilizações contra as reformas da trabalhista e da previdência. Os trabalhadores estão conseguindo ter consciência desse retrocesso que esse governo golpista está querendo inserir goelo abaixo, junto com esse congresso totalmente comprometido com os empresários e sem compromissos com a classe trabalhadora. Foi um dia muito vitorioso e, realmente, paramos o Brasil” – afirmou Marcio.
Trabalhadores do Sindsprev-RJ também aderiram à Greve Geral. O Sindicato dos Jornalistas passou a tarde em panfletagem na Cinelândia. Mais de 4 mil carteiros pararam suas atividades nesse dia 28.
Repressão e violência da PM dispersam maior manifestação do dia

Toda essa mobilização tinha um rumo, o grande ato da Cinelândia! A atividade estava marcado para o fim da tarde na Cinelândia e reuniria diversas passeatas que partiram de pontos diversos: estudantes na Faculdade Nacional de Direito, trabalhadores de Macaé na Candelária, Manifestantes diversos na ALERJ, secundaristas no Colégio Souza Aguiar, Comerciários em arrastão pela Uruguaiana, e diversas outras se concentravam para seguir em marcha até a Cinelândia.
Na manifestação da ALERJ, no entanto, um confronto entre um segmento e a polícia militar ganhou proporções deu ma verdadeira guerra. Com toda uma força desproporcional e mal intencionada, a Polícia Militar, já ciente de uma grande concentração de trabalhadores na Cinelândia (nesse momento superior a 30 mil pessoas), com suas bombas e tiros guiou o confronto até a região do ato das centrais sindicais. E, mesmo diante dos apelos da Deputada Federal Jandira Feghali (PCdoB), que a essa hora falava no ato, a polícia de Pezão e Temer atirou, de forma totalmente descontrolada, inúmeras bombas contra a classe trabalhadora. Bombas de gás, balas de borracha na direção do palco e dos manifestantes, foi dessa forma truculenta que a PM dispersou um ato que ainda se iniciava. O dirigente da CTB-RJ, José Carlos Madureira, criticou duramente a ação da PM nesse 28 de abril:
“A repressão é fruto do alinhamento do governo estadual com o governo federal que, obviamente, é contra a manifestação e juntamente com a cobertura negativa da Globo tenta passar uma imagem errada das manifestações. Apesar de um confronto pontual em São Paulo, os confrontos maiores estão acontecendo no Rio de Janeiro e em Niterói, fruto da vinculação do governo vendilhão do Rio de Janeiro com o governo golpista de Brasília.” – falou Madureira       
A violência repressora da Polícia Militar acabou por atingir uma dirigente da CTB-RJ. A diretora da central e do Sindicato dos Servidores Civis nas Forças Armadas (SINFA), Arlene Carvalho foi atingida por uma bala de borracha e narrou ao Portal CTB-RJ sua experiência:
“Eu estava atravessando a praça para me aproximar do palco quando começaram os policiais a atirar a esmo. Os policiais estavam mascarados e sem identificação. Em vários momentos presenciei eles apontarem armas a pessoas que passavam pela avenida Rio Branco. Nosso movimento é pacífico e eles não podem ficar atirando contra trabalhadores dessa maneira. Até mesmo contra o palco eles atiraram. Estou aqui, com marcas de balas de borracha. Irei procurar uma delegacia e farei uma ocorrência contra o Estado.” – contou Arlene.
Após muita confusão e uma batalha campal que se estendeu pelas ruas do centro registrando um verdadeiro cenário de guerra nos bairros da Lapa, Glória e região, alguns manifestantes retornaram à Praça da Cinelândia para resistir aos golpistas. A Deputada Jandira Feghali acredita que a força demonstrada pela manifestação terá reflexo na batalha do congresso:
“O dia hoje foi de orgulho pro povo brasileiro. O dia em que a sociedade brasileira reage com indignação! A sociedade hoje fez a maior mobilização. Uma paralisação histórica! A maior em 4 décadas! Parabéns à CTB, à todas as centrais, porque esse dia vai influenciar diretamente naquele congresso patronal que decide a vida dos trabalhadores brasileiros. Espero que, com esse dia de hoje, a gente bloqueie a trabalhista no Senado e derrote a previdência na Câmara” – explicou Jandira.
O Secretário de Comunicação e Imprensa da CTB-RJ, Paulo Sergio Farias, considerou que apesar de toda repressão, o dia foi de vitória para a classe trabalhadora:
“O dia 28 de abril foi um dia histórico para a classe trabalhadora e para os destinos do país. Apesar da repressão em várias capitais, o Brasil depois deste dia 28 é outro. Ficou a certeza de que este governo cairá com a intensidade das mobilizações. Ficou também claro a importância da unidade da classe trabalhadora e suas lideranças. Ficou claro que é possível, sim, deixar de lado as questões menores e se unir em torno do essencial que é a luta em defesa da democracia e dos direitos da classe trabalhadora. O resultado da greve geral, que mobilizou mais de 40 milhões de pessoas em todo o Brasil, pode ser medido na dimensão dos atos em todas as capitais mas também no medo que o governo golpista estampou ao reprimir violentamente os atos organizado pelas centrais sindicais. Aumentou a nossa convicção de que é possível derrotar esse governo ilegítimo e golpista. Aumentou a certeza de que é possível unir a classe trabalhadora e construir uma alternativa democrática e popular para sair dessa crise criada pelos capitalistas. Viva a unidade da classe trabalhadora.” – defendeu Paulo Sérgio.
O Secretário Geral do Sindicato dos Trabalhadores da ECT (Sintect-RJ), Ronaldo Martins, seguindo na linha da resistência declarada pelos dirigente da CTB-RJ após a onda de repressões, divulgou mensagem chamando o povo a continuar nas ruas:
“É necessário nós continuarmos a mobilização durante a próxima semana e intensificar nossa presença nas ruas. Não pode ter um prazo longo para isso. Precisamos retomar já na semana que vem e reabrir esse ato. Nós temos que voltar às ruas!” – disse Martins.
E, iremos! Os confrontos seguiram pelo centro do Rio de Janeiro, retornaram à Cinelândia, mas mesmo diante de todos os ataques, só cresce a certeza de que amanhã será maior e de que os trabalhadores, unidos, irão derrotar o governo golpista.

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