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Em 20 anos, Bolsonaros empregaram 17 parentes da ex-mulher do presidente

Reportagem da revista Época mostra indícios de nepotismo e cabide de emprego praticados nos gabinetes de Jair bolsonaro, Flávio e Carlos



O site da revista Época divulgou nesta quinta-feira (20) uma longa reportagem apontando que Jair Bolsonaro e os filhos Flávio e Carlos empregaram 17 parentes da ex-mulher do presidente. Algumas dessas pessoas jamais frequentaram os prédios onde deveriam atuar nas vagas para as quais foram nomeadas, como uma cunhada e um ex-cunhado de Ana Cristina Valle que sempre moraram em Minas Gerais

O indício da prática de nepotismo e cabide de empregos partiu da investigação iniciada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro com a quebra dos sigilos fiscal e bancário de 86 pessoas, entre elas ex-assessores de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) quando deputado estadual no Rio.

A quebra foi solicitada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro para apurar se ex-funcionários do atual senador devolviam parte de seus salários para o parlamentar, a chamada “rachadinha”. A suspeita surgiu quando o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) registrou uma movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz, ex-chefe de segurança de Flávio.

Dos 17 parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente, nove são alvos da investigação do MP do Rio. Ana Cristina conheceu Bolsonaro quando ainda era deputado federal em Brasília, no início dos anos 90, durante uma manifestação de mulheres de militares que pediam aumento nos salários dos maridos. Em 1998 passaram a viver juntos. Uma década depois terminaram o relacionamento e iniciaram um processo de separação litigiosa. Nesse período Ana Cristina chegou a morar na Noruega. Há alguns anos ela retornou ao Brasil para viver em Resende, onde tornou-se chefe de gabinete do vereador Renan Marassi (PPS-RJ) na Câmara de Vereadores da cidade.

“Desde o ano em que Ana Cristina Valle e Bolsonaro se tornaram marido e mulher, os parentes dela começaram a aparecer nas listas de funcionários do gabinete do deputado federal — então o único da família com mandato. Ao todo, seis familiares de Ana Cristina Valle foram nomeados por Bolsonaro para seu gabinete até 2008”, diz a reportagem da Época.

Na lista de parentes de Ana Cristina que trabalharam no gabinete de Jair Bolsonaro estão seus ex-sogros José Procópio Valle e Henriqueta Siqueira Valle, dois irmãos, Andrea Siqueira Valle e André Siqueira Valle, e dois primos, André Siqueira Hudson e Juliana Siqueira Vargas.

Em 2003, quando Flávio Bolsonaro, o filho mais velho, assumiu mandato na Assembleia do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) foram contratados para trabalhar para ele nove familiares da madrasta, entre eles José Procópio Valle, Juliana Siqueira Vargas e Andrea Siqueira Valle, que deixaram formalmente seus cargos na Câmara dos Deputados e passaram a surgir nas listas de funcionários da Alerj.

Flávio também empregou os primos Francisco Diniz e Daniela Gomes e os tios Guilherme dos Santos Hudson, Ana Maria Siqueira Hudson, Maria José de Siqueira e Silva e Marina Siqueira Diniz.

Já Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), o vereador mais jovem a ser eleito na história do Rio, em 2000, além de transformar Ana Cristina Valle em assessora-chefe de seu gabinete, levou para seu gabinete sete familiares para as listas de assessores no Palácio Pedro Ernesto, sede do Legislativo carioca, entre eles pessoas que moravam em Minas Gerais e jamais frequentaram os corredores do Palácio Pedro Ernesto, como eles mesmos confirmaram à reportagem da Época.

Procurados por jornalistas, ninguém das assessorias dos Bolsonaro respondeu. As autoras da matéria da Época conseguiram falar com Ana Cristina Valle, na Câmara de Vereadores de Resende. Suas respostas foram evasivas. Além de negar qualquer responsabilidade sobre o envolvimento de familiares no caso Flávio Bolsonaro, ao ser questionada sobre a lista de familiares que trabalham nos gabinetes dos Bolsonaro, Ana Cristina disse que “não tinha nepotismo”.


“Ainda andando, Ana Cristina Valle afirmou que não se sente culpada em ver o pai, José Procópio Valle, e a irmã Andrea Valle, além dos outros parentes, alvos de um inquérito que apura peculato e lavagem de dinheiro no gabinete do ex-enteado Flávio. E se os parentes forem acusados desses crimes? “Eles vão responder”, disse. Quando ÉPOCA lhe perguntou se os funcionários eram obrigados a devolver os salários, ela abriu um sorriso e finalizou: “Não tenho nada a declarar”, disse, dando as costas, ao se despedir”, escrevem Juliana Dal Piva e Juliana Castro, que assinam a reportagem.

fonte: jornalggn.com

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